Após dois anos sem energia nuclear, reator nuclear de Sendai é reativado. Japão deveria incentivar fontes renováveis como a energia solar em vez de reavivar a indústria nuclear.
Ativista do Greenpeace Japão protesta com população local em frente à usina nuclear de Sendai no Japão. (©Masaya Noda/Greenpeace)
A reativação do reator nuclear de Sendai hoje não reverterá o declínio da indústria nuclear do Japão, visto que todas as nove instalações nucleares japonesas enfrentam questões de segurança insuperáveis, junto a crescentes desafios jurídicos, públicos e políticos, adverte o Greenpeace Japão.
“A extensão em que as questões de segurança foram ignoradas no processo de revisão da Autoridade de Regulação Nuclear (NRA) feito para a reativação da usina de Sendai revela como a indústria nuclear e seus aliados no governo estão desesperados”, afirma Mamoru Sekiguchi, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Japão.
“Em vez de estar passando por um renascimento, boa parte dos reatores nucleares do Japão nunca será reativada. O primeiro-ministro Abe e a agência reguladora nuclear estão pondo em risco a segurança do Japão em troca de uma fonte de energia que provavelmente não será capaz de fornecer a eletricidade que o país precisa no futuro”, disse Sekiguchi.
A análise do Greenpeace Japão, publicada em abril de 2015, revelou que, em 2030, a energia nuclear provavelmente fornecerá apenas entre 2% e 8% da eletricidade gerada do Japão, comparada com a taxa divulgada pelo governo, de 22%.
O reator 1 de Sendai não opera desde maio de 2011. A NRA não conseguiu aplicar medidas estritas de segurança no reator de Sendai, dentre elas a NRA aprovou uma avaliação da Kyushu Energia Elétrica, que não apresentava os riscos sísmicos na usina de Sendai e violava os parâmetros de segurança pós-Fukushima da própria agência.
Além disso, uma análise encomendada pelo Greenpeace Japão em fevereiro revelou que a NRA também aceitou uma análise falha de risco vulcânico da Kyushu Energia Elétrica para o vulcão ativo Monte Sakurajima, localizado a apenas 50km do local do reator. A agência também não conseguiu exigir da Kyushu Energia Elétrica a conclusão do plano de segurança operacional relativo à idade das instalações antes de passar para a revisão do reator.
A opinião pública se opõe à prefeitura de Kagoshima diante da impossibilidade de implantarem medidas de planejamento emergenciais, incluindo planos de evacuação para idosos e pacientes internados em hospitais.
Os 43 reatores nucleares remanescentes no Japão apresentam inúmeras questões de segurança, incluindo falhas sísmicas nos locais onde existem reatores e problemas relacionados à idade das instalações. Isso e a opinião pública podem conseguir fazer com que muitos reatores tenham suas atividades encerradas permanentemente.
“A NRA admitiu que não é capaz nem de garantir a segurança se o reator nuclear for reativado. Porém, já se passaram quatro anos desde o derretimento dos reatores em Fukushima Daiichi, que ltinha um planejamento de emergência inadequado e avaliações de riscos com base em dados sísmicos e vulcânicos falhos. Estamos em uma situação trágica, em que a NRA está se agarrando a uma indústria nuclear cada vez mais decadente, em vez de colocar em primeiro lugar a vida e a subsistência das pessoas que vivem na sombra dos reatores,” disse Kendra Ulrich, do Greenpeace Japão.
“A política energética atual do governo não assegura nem mesmo as reduções de emissão de carbono anunciadas recentemente, que são insuficientes. O primeiro passo rumo a um futuro energético seguro é o primeiro-ministro Abe abandonar essa obsessão de tentar salvar a indústria nuclear e permitir o crescimento do inovador setor de energia renovável. O povo do Japão merece poder optar por energias renováveis, seguras e limpas,” disse Ulrich.
A energia nuclear não é necessária para assegurar drásticas reduções de carbono. O crescimento da energia renovável no Japão foi explosivo nos últimos quatro anos. Até abril de 2015, 24GW de energia solar foram instalados e mais 58GW aprovados para instalação. A capacidade nuclear do Japão antes do acidente de Fukushima Daiichi era de 45GW. Até 2014, os investimentos em novos painéis solares aumentaram para 2,6 trilhões de ienes (US$25 bilhões), com 8GW.
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