O encontro serviu para que brasileiros e refugiados celebrassem, sobretudo, o diálogo cultural e a coexistência pacífica de diferentes tradições.
Milho, canjica, espetinho, bolos variados e… kwanga. Festa “julina” com refugiados é assim, multicultural. Na celebração realizada esta semana pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro em parceria com a ONG IKMR, os tradicionais quitutes brasileiros de “arraiá” ganharam a companhia de um prato típico da África. Os chapéus e trajes caipiras se misturaram a turbantes e vestidos coloridos, e a trilha sonora de quadrilha deu lugar a músicas africanas.
A temperatura elevada do Rio de Janeiro lembrava mais o calor do carnaval do que o friozinho dos tradicionais festejos do inverno brasileiros, mas o ambiente e a decoração não deixavam dúvidas: era dia de celebrar uma das mais populares festas populares do país. Enquanto os adultos procuravam entender o significado do evento, crianças se deixavam pintar barbas e pintinhas de caipira no rosto e se revezavam entre o pula-pula e a barraca das brincadeiras
A festa não proporcionou novidades apenas para os refugiados. Quando a kwanga foi servida, foi a vez de os brasileiros conhecerem algo diferente. De tradição africana, a iguaria é elaborada a partir da conhecida mandioca, um dos ingredientes mais presentes nas festas juninas. A diferença está no preparo, que inclui uma série de cozimentos, com duração de até três dias.
A congolesa Katia, mãe de dois meninos e uma menina tentava entender a tradição por trás do evento, mas um compatriota mostrou que estava por dentro. Ou quase isso. “É uma festa em volta do fogo, com camisas e chapéus de cowboy”, arriscou Lerby. “Já conhecia antes de vir para o Brasil, mas aqui aprendi que se chama festa junina.”
O encontro serviu para que brasileiros e refugiados celebrassem, sobretudo, o diálogo cultural e a coexistência pacífica de diferentes tradições. “Quando saímos vestidas de caipira, as mulheres acharam o máximo e depois vieram perguntar sobre a roupa. Elas gostaram tanto que incentivaram as crianças a se pintar também. Foi um encontro de culturas”, explicou Aline Thuller, coordenadora do programa de atendimento a refugiados da Cáritas RJ.
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