O presidente da Comissão de Inquérito sobre Crimes na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, ressaltou que países não podem continuar declarando apoio ao plano traçado pela ONU para a transição política e, ao mesmo tempo, continuar armando combatentes e ignorando a crise de refugiados.
“A comunidade internacional não pode fingir estar cega para o ciclo que tem permitido prevalecer por tantos anos”,afirmou o presidente da Comissão de Inquérito da ONU para os crimes na Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta segunda-feira (21). O representante usou a ocasião para alertar sobre a urgência de um “total e efetivo apoio ao Plano ‘de Mistura’”. O projeto foi apresentado no mês de julho pelo enviado especial da ONU para a Síria, Staffan De Mistura, e visa à transição política no país.
O plano prevê uma série de consultas e discussões com as diferentes partes da Síria em quatro grupos temáticos de trabalho: segurança e proteção para todos; questões políticas e legais; questão militar, de segurança e contraterrorismo; e continuidade dos serviços públicos e reconstrução e desenvolvimento.
Para Pinheiro, os países não podem continuar declarando apoio a um acordo político quando estão “armando combatentes, falhando na arrecadação de fundos para serviços humanitários e ficando atônitos diante da crise de refugiados”, afirmou. Ainda, o representante da ONU lembra que a crise de migração não é novidade no Líbano, Turquia, Jordânia e Iraque.
O presidente da Comissão também citou o seu relatório publicado em 3 de setembro com as atualizações sobre as violações cometidas na Síria. Segundo dados da publicação, violações de direitos humanos estão sendo cometidas tanto pelo governo como por grupos terroristas – como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) e a Frente Al-Nusra. Para Pinheiro, é necessário superar o fracasso na diplomacia dos países e deixar os interesses particulares dos Estados de lado, pois “as vítimas sírias não merecem menos do que isso”.
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