segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Cruz Vermelha Brasileira entra na luta por trânsito mais seguro



Por: Jorge Velloso
Fotos: Leonardo Ali
No início da Semana Nacional do Trânsito, aqueles que buscam mais segurança ganharam um aliado de peso. Centenária instituição de ajuda humanitária, a Cruz Vermelha Brasileira entrou na luta para diminuir os alarmantes números de mortes e feridos nas ruas, avenidas e estradas do país. No I Fórum Nacional sobre Segurança Viária, realizado no último dia 18, na sede do Órgão Central, no Rio de Janeiro, foi proposta a Campanha “Cinco passos para além da Lei Seca”: Informação, Educação, Conscientização, Fiscalização e Penalização, que poderão tornar o trânsito menos violento.  
Como os dois últimos passos são reconhecidamente atividades do estado, a Cruz Vermelha pretende atuar nos três primeiros, utilizando voluntários e seus diversos programas comunitários no país. Participaram do fórum o deputado federal Hugo Leal, autor da Lei Seca; Marco Andrade, coordenador geral da Operação Lei Seca, no Rio de Janeiro; Antônio Sérgio Damasceno, presidente do Conselho de Trânsito do Rio de Janeiro, Celso Franco, presidente da 1ª Jari / Detran RJ;  Christiane Yared, deputada federal que perdeu o filho em trágico acidente de trânsito no Paraná; Oscar Zuluaga, gerente nacional de programas da CVB; Fernando Moreira, especialista em medicina de trânsito e representante da Fetransport; Flávio Tavares e Ricardo Imperatriz, do Instituto PARAR, e a antropóloga Marisa Dreys.
No evento conduzido pelo consultor do Departamento Nacional de Educação e Saúde da Cruz Vermelha Brasileira, José Mauro Braz de Lima, diversos e alarmantes números foram apresentados. Segundo estudos do governo, o trânsito brasileiro produziu, em 2014, quase 50 mil mortes e 500 mil feridos, números superiores ao de muitas catástrofes e guerras. Cerca de 80% dos que compõem esta estatística são homens.
O trânsito é a primeira causa de mortes entre jovens de 14 e 29 anos e mais de 60% dos acidentes são motivados pelo consumo de bebida alcoólica. O consumo tem crescido entres jovens com menos de 15 anos. Segundo dados do levantamento nacional realizado sobre álcool e drogas, a ingestão nesta faixa etária subiu de 13%, em 2006, para 22%, em 2012.
Diante aumento da frota, a motocicleta aparece como uma dos principais vilãs. O percentual de mortes de motociclistas saltou de 15%, em 2001, para 36%, em 2012. A comparação entre São Paulo e Nova Iorque, cidades populosas com trânsito intenso, apresenta 35 mortes de motociclistas na cidade americana, em 2012, contra 403 na metrópole brasileira.
A carga de emoção do Fórum ficou por conta dos depoimentos da deputada Christiane Yared. Ela não apenas contou detalhes do acidente que causou a morte do filho, em 2009, atingido por um carro a quase 200 km/h, guiado por um motorista alcoolizado, como de várias outras famílias atendidas pelo Instituto Paz no Trânsito, criado por ela após a tragédia. Yared disse que, ao invés de enterrar o filho, preferiu plantá-lo, e considerou que, melhor do que criar leis em Brasília, “é educar, é conscientizar”. Ao se dirigir aos muitos jovens na platéia, contou que vê seu filho nos olhos de cada um deles e concluiu: “a iniciativa da Cruz Vermelha deve ser abraçada por todos".


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